quinta-feira, 9 de junho de 2016

Viagens Alucinantes

Uma ficção científica de Ken Russell. Isso já é o bastante para atiçar a curiosidade que qualquer cinéfilo para com esta obra, mas (como é de praxe no fervilhante cinema de Russell) ela guarda muito mais.
William Hurt é Eddie Jessup, jovem cientista que acredita ser capaz de vislumbrar, por meio de uma brutal experiência de regressão, as origens primitivas do ser humano, ou talvez até da própria vida terrestre.
Os anos passam com ele alimentando essa obsessão à medida que sua relação com a namorada Emily (a bela e ruiva Blair Brown) se converte em casamento.
Usando de uma série de técnicas misturadas (hipnose, ingestão de alucinógenos e imersão num tanque de água), Jessup obtém um resultado inesperado, que ameaça transformá-lo definitivamente numa versão primitiva de ser humano, e daí em algo ainda mais retrógado, pondo em risco tudo o que conquistou na vida.
Só mesmo Ken Russell e sua visão peculiar sobre o mundo e o cinema seriam capazes de materializar em película uma trama aparentemente infilmável como esta. Em suas mãos, o roteiro exótico e esotérico de Paddy Chayefsky, resulta num espetáculo intrigante e único que discute as regiões fronteiriças e nebulosas entre a religião e a ciência, e lança um olhar sobre a imponderável busca pela origem de nossa humanidade.
William Hurt, em sua estréia no cinema, se sai magnificamente bem ao personificar as facetas complexas da obsessão, assim como são também magníficas a trilha sonora de John Corigliano e a direção de fotografia de Jordan Cronenweth (de “Blade Runner”, queria o quê?!), mas todos esses fatores apenas emolduram a técnica singular com a qual Ken Russell expõe as inquietações pessoais, filosóficas, científicas e metafísicas do ser humano.

Um dos grandes filmes de ficção científica do cinema. E um dos mais desconhecidos também...

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